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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Não leio livros de autoajuda



    Não acredito no bloco do eu sozinho. Acredito na ajuda do outro, na interatividade em grupo. Tudo indica que esse assunto de autoajuda ganhou fôlego por volta de 1960, com a valorização das terapias alternativas, misticismo oriental, meditação e transcendência mental. As idéias fertilizaram no solo já bem adubado da era industrial onde se produzia milhares de mentes não criativas muito menos críticas do seu lugar no seu tempo e no seu espaço. O capitalismo trouxe a tiracolo, além do consumismo exacerbado, o individualismo. Casamento perfeito, indústria e consumo. Foi só então vender a idéia: você não é feliz porque não tem tal produto, para tê-lo é só querer e assim foi e continua sendo.
   A solução mágica chegou às livrarias de maneira apocalíptica: qualquer coisa pode estar ao seu alcance se você pensar positivamente. É aí que mora o perigo - sua vida atual é fruto do seu pensamento - acaba desviando o senso crítico da realidade em que se vive. Para escapar desse engodo não se deve temer a hora de entender o mundo em que se vive. De buscar ajuda no outro quando é preciso, na comunidade, ir atrás dos direitos e deveres dos cidadãos e parar de pensar que se não deu certo a culpa foi só individual. Deve-se aprender que não se é fruto somente do próprio pensamento, mas de uma sociedade maior, liderada por poucos, colocando o povo à margem de seus objetivos. Somente a partir do momento que se tem noção do que temos nas mãos e do que nos falta é que podemos buscar a qualificação e motivação e daí, sim, focar o sucesso. Para isso é necessário, e muito, de conhecimento do mundo onde se vive e dos pensamentos dos dirigentes que o norteiam. Da mesma forma saber o que falta para alcançar o próximo degrau do sucesso como: mais estudo, cursos profissionalizantes, técnicos, comprometimento, trabalho, saúde e outros tantos fatores imprescindíveis a nossa escalada. 
   Pensamento e palavras de nada valem, sem atitude. E atitude exige objetivo e metas. Basta lembrar que já tem gente treinando, oito horas por dia, para próxima olimpíada, em 2016, buscando a superação de seus limites com muita obstinação e persistência. Com certeza, depois de muito suor, esses atletas terão palestras motivacionais, última etapa antes das medalhas.
  Enquanto isso, os únicos realmente beneficiados com esse engodo da autoajuda, aliada a uma boa estratégia de marketing, são os escritores desses absurdos como Rhonda Byrne, autora de O Segredo, que chegou acumular uma fortuna de US$ 48,5 milhões em pouco mais de um ano e levando, de quebra, o título pela revista Times, em 2007, como um das pessoas mais influentes do mundo. Com certeza se perguntar a ela sobre seu sucesso dirá que veio à custa de muito trabalho e não de leituras rasas de livros de autoajuda. Taí o segredo.

Um comentário:

  1. Oi Gisa, gostei do seu comentário! Espero mais novidades no seu blog em breve. Vai aqui a sugestão de um novo tema: Sistema de cotas para negros nas Universidades. Abraço. Fabiano

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